Lança-perfume faz mal, sim!

Foi no finalzinho da década de 1960 que o uso do lança perfume passou a ser proibido no Brasil. Até então era comum ver os foliões esguicharem o produto no ar como brincadeira, durante os bailes de carnaval. Essas brincadeiras foram, entretanto, dando lugar ao uso do lança-perfume como droga inalante. Molhava-se o lenço com o líquido e o aspirava tanto pelo nariz quanto pela boca, em busca de sensações de euforia e entorpecimento. Só que a fabricação, a comercialização e o uso foram proibidos e passaram a ser considerados como contravenção.

Só pra você ter uma idéia, o lança-perfume é um solvente inalante capaz de acelerar a freqüência cardíaca em até 180 batimentos por minuto (o normal gira em torno de 70 a 80 batimentos por minuto), sem contar que leva à destruição das células do cérebro, os neurônios, que não se recompõem.

O efeito vem rápido, em mais ou menos cinco segundos e provoca um misto de euforia, excitação e sons totalmente embaralhados, ecoados. Se continuar cheirando, a pessoa começa a perder a coordenação, fica com a fala arrastada e pode até desmaiar. “Isso porque o lança, que contém clorofôrmio, éter e cloreto de etila, produtos químicos altamente danosos, age como um depressor do sistema nervoso central, deprimindo o centro responsável pela respiração. Essa depressão pode levar o usuário a ter parada cardio-respiratória e até a entrar em coma”,explica a médica Shirley de Campos

“Além do lança-perfume existem outras misturas que têm efeito parecido, conhecido como loló ou cheirinho da loló, cujo componente principal é o clorofôrmio e/ou éter, junto com outras substâncias voláteis”, explica a médica Shirley de Campos.

O clorofôrmio, chamado triclorometano, prejudica muito o organismo humano, pois é utilizado sobretudo como dissolvente, na extração e purificação de medicamentos, nos agentes de limpeza e em outros produtos farmacêuticos. Também se usa para derreter e colar placas acrílicas e de plástico.

Os solventes tornam o coração humano mais sensível a uma substância que o nosso corpo fabrica, a adrenalina, que faz o número de batimentos cardíacos aumentar. Esta adrenalina é liberada toda vez que o corpo humano tem que exercer um esforço extra, por exemplo, correr, praticar certos esportes, pular de pára-quedas etc. Assim, se uma pessoa inala um solvente e logo depois faz esforço físico, o seu coração pode sofrer, pois ele está muito mais sensível à adrenalina liberada por causa do esforço.

“Sem falar no chumbo, metal pesado presente na substância. Ele tem um efeito cumulativo, ou seja, toda a quantidade que você ingerir ficará para sempre no seu organismo. E sempre que você inalar clorofôrmio, a quantidade de chumbo aumentará.”. Como se sabe, toda substância tóxica (álcool, cigarro e clorofôrmio, por exemplo) tem que ser processada pelo fígado, responsável por metabolizar as toxinas. Precisa dizer mais alguma coisa?

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